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O último segredo da vida selvagem em Portugal: há lobos na Serra da Lousã

“Capuchinho Vermelho” revelou a crianças e jovens

16 November 2011

O Parque Biológico da Serra da Lousã recebeu o “Capuchinho Vermelho” para revelar, ao vivo, o último segredo da vida selvagem de Portugal a dezenas de crianças e jovens, no 24º Aniversário da Fundação ADFP, de Miranda do Corvo, domingo, dia 6.


“Capuchinho Vermelho” é um conto de fadas clássico, de origem europeia, do século 14, e o seu nome vem da protagonista, uma menina que usa um capuz vermelho. O conto sofreu inúmeras adaptações, mudanças e releituras modernas, tornando-se parte da cultura popular mundial, e uma das fábulas mais conhecidas de todos os tempos. Na sua essência está a visita da menina à avó, na floresta, entretanto devorada pelo lobo que, disfarçado, acaba por comer a criança. Um caçador, salvará entretanto avó e neta, abrindo a barriga do lobo, que sairão ilesas.


A dramatização de “Capuchinho Vermelho” teve lugar no PBSL a partir das 15h30 de domingo, com visita a uma alcateia de lobos (um macho e duas fêmeas), novos habitantes do Zoo de Vida Selvagem.
Um etólogo (que estuda a vida dos animais) norte-americano, Geist Valerius, escreveu que a fábula foi baseada em risco real de ataques de lobo na época, argumentando que os lobos eram de facto perigosos predadores, servindo as fábulas como advertência válida para não entrar em florestas habitadas por aqueles animais.


A esta revelação não faltaram os mais recentes habitantes do PBSL, o urso Colmeia e a doce ursa Cindy, sem falar do casal de linces, um dos mamíferos mais ameaçados de extinção tal como os ursos pardos.


O lobo ibérico (Canis lupus signatus) é uma subespécie do lobo cinzento, outrora muito abundante, e a sua população actual deve rondar os 2000 indivíduos, dos quais cerca de 300 habitam a região norte de Portugal.


Um pouco menor e esguio que as outras subespécies do lobo cinzento, o lobo ibérico macho mede entre 130 a 180 cm de comprimento, enquanto as fêmeas medem de 130 a 160 cm. A altura ao garrote pode chegar aos 70 cm. Os machos adultos pesam geralmente entre 30 a 40 kg e as fêmeas entre 20 a 35 kg.


A cabeça é grande e maciça, com orelhas triangulares relativamente pequenas e olhos oblíquos de cor amarelada. O focinho tem uma área clara, de cor branco-sujo, ao redor da boca. A pelagem é de coloração heterogénea, que vai do castanho amarelado ao acinzentado mesclado ao negro, particularmente sobre o dorso. Na parte anterior das patas dianteiras possuem uma característica faixa longitudinal negra, e em cativeiro chegam a viver 17 anos.


As suas principais presas são o javali, o corço e o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, a galinha, o cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita cadáveres que encontra, isto é, sempre que pode é necrófago.


Estes lobos vieram de Espanha num processo de cooperação entre o Parque Biológico da Serra da Lousã, o ICNB (Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade) e o seu congénere espanhol.
 Além dos lobos no Parque Biológico há também linces e ursos pardos.


O lince-ibérico (Lynx pardinus), também conhecido pelos nomes populares de Cerval, lobo-cerval, gato-fantasma, gato-cerval, liberne, nunca-te-vi, gato-cravo ou gato-lince, é a espécie de felino mais gravemente ameaçada de extinção e um dos mamíferos mais ameaçados.


Em Portugal houve linces até ao século passado da espécie Lynx pardinus. Os últimos existentes em Portugal foram designados como lince da Serra da Malcata. Na impossibilidade de mostrar aos visitantes um destes linces extintos, o Parque Biológico conseguiu que Espanha cedesse um casal de linces eurasiáticos.


O lince eurasiático é um animal ligeiramente diferente do Lynx pardinus, um predador que pode pesar entre 15 e 28 kg. É reconhecido pelo seu corpo curto, pernas longas, pés grandes e orelhas com um tufo preto característico na ponta. O pêlo é macio e denso e a sua cor vária de acordo com a localização da espécie, mas geralmente é desde cinza a avermelhada e mais ou menos manchada.


Devido à grande necessidade de protecção da espécie, abriu em 2009 o Centro Nacional de Reprodução de Lince Ibérico, em Silves, em cooperação com os espanhóis, que conta neste momento com 16 linces.


Já o urso pardo é um mamífero de porte considerável que pode pesar mais de 600 kg. Trata-se de um animal omnívoro que se alimenta essencialmente ao amanhecer e ao anoitecer. Apesar do enorme tamanho, os ursos pardos são extremamente rápidos, podendo atingir velocidades de 48km/h.
No Verão, eles ganham peso que corresponde a gordura que é depois utilizada no Inverno quando entram em letargia. Durante este período, que pode durar até 6 meses, procuram locais para se protegerem, nomeadamente, grutas, fendas ou troncos ocos.


O urso pardo habita as florestas e montanhas do norte da América do Norte, Europa e Ásia. Esta espécie pode viver cerca de 35 anos.


Pensa-se que os ursos pardos ter-se-ão extinguido em Portugal entre os séculos XVII e XIX embora ainda tenham sido avistado no século XX.


Apesar do urso pardo não ser ameaçado como espécie, várias subespécies são-no. Assim, o PBSL pretende mostrar este animal como elemento importante da fauna ibérica nativa e sensibilizar o público para a sua protecção, bem como de todas as espécies animais em risco de extinção, de forma a restabelecer o equilíbrio da natureza.


O Parque Biológico da Serra da Lousã pretende ser o melhor e mais completo zoo de vida selvagem de Portugal. Para conhecer os animais que habitam ou habitaram até há algumas décadas o nosso território, as pessoas devem vir ao Parque Biológico, na Quinta da Paiva, em Miranda do Corvo.


Jovens e crianças presentes na revelação do “Capuchinho Vermelho”, cantaram os parabéns à Fundação ADFP e partilharam o bolo de aniversário.


Nos dias 10 (quinta-feira pelas 10h00 e 21h30), e 11 (sexta-feira às 14h30 e 18h00 e às 22h00), o Cinema de Miranda associa-se ao Parque Biológico com a exibição do filme de animação “Zé Colmeia”, para maiores de 14 anos e com a duração de 1h30m. Dirigido por Eric Brevig, com as vozes de António Machado, Peter Michael, Tiago Retrê, o filme conta a história de Zé Colmeia, quando este decide provar que é um urso mais esperto que os ursos normais e, juntamente com o seu fiel amigo Catatau, vai fazer tudo por tudo para ajudar o Ranger Smith a salvar o Parque de Jellystone, que está prestes a ser fechado.


Haverá bilhetes integrando a entrada no cinema e no Parque Biológico onde poderão observar o urso Colmeia e a doce Cindy ao vivo.

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