Comemoração dos 25 anos dos vinhos da sub-região Terras do Sicó
22 February 2018 | Cultura, Eventos, Atividade Agroflorestal
8 dezenas de pessoas participaram no Jantar Vínico que assinalou os 25 anos da criação da sub-região Terras do Sicó, realizado no Restaurante Museu da Chanfana, em Miranda do Corvo, dia 16 de Fevereiro. Este evento que durou quase 3 horas e meia foi organizado pela VINISICÓ (Associação dos vitivinicultores da região de Sicó).
No jantar, estiveram presentes 9 dos 10 produtores certificados, tendo sido apresentados 8 vinhos tintos e 3 brancos, para além de 2 espumantes (branco e rosé).
Estiveram presentes os presidentes de Câmara ou vice-presidentes e vereadores, dos concelhos abrangidos: Alvaiázere, Ansião, pombal, Penela Condeixa, Soure e Miranda A exceção feita pelo Presidente de Câmara de Miranda do Corvo, que nem compareceu nem enviou representante, facto notado pelos seus congéneres mas também pelos próprios produtores e pelos membros da comunidade que aderiram ao jantar do 25º aniversário. O facto de Miranda ter sido a única câmara que faltou ao evento foi considerada falta de educação e incapacidade de colaborar com os restantes autarcas bem como desprezo pelos agricultores. Salienta-se que a freguesia de Lamas é uma das maiores a nível da quantidade de vinho produzido.
Brancos e Tintos acompanharam o menu proposto, que contemplava creme de cenoura, salmão com molho de limão, medalhões de peru com molho de cogumelos e salada de frutas, tendo depois sido servidos 2 espumantes, um branco outro rosé, a acompanhar o bolo de aniversário dos 25 anos, cujas velas foram apagadas por um dos fundadores da VINISICÓ, em 1992, Fernando Antunes, actual Presidente da Assembleia municipal de Penela.
Luís Reis, presidente da VINISICÓ, começou por referir que “este jantar serve para marcar bem o que tem sido o desenvolvimento dos vinhos da nossa região ao longo destes 25 anos e a importância da criação da sub-região Terras do Sicó, dentro da região Beira Atlântico, o que dá notoriedade e diferenciação aos vinhos no contexto nacional”.
“Temos connosco hoje os presidentes das Câmaras das Terras do Sicó – acrescentou – o que faz-nos sentir bem, agrada a todos os produtores, e aos nossos enólogos Alexandre Carril, que foi o primeiro, e Gonçalo Costa, que muito contribuíram para a certificação dos vinhos Terras do Sicó, bem como José Meneses de Almeida, da Bairrada, que contribuiu para defesa dos nossos vinhos e a criação em 1993 da importante sub-região Terras do Sicó, em 1993, um ano depois da criação da VINISICÓ, de que Fernando Antunes foi um dos fundadores”.
José Meneses de Almeida falou primeiro dos vinhos brancos, “muito diferenciados, aromáticos, tendo por base a casta Fernão Pires”.
Neste jantar vínico serviram-se 3 vinhos brancos: o Tapada de Sabogos, dos produtores Maria Fernanda Menes e Ramiro Rodrigues, o Encosta da Criveira de Isaura Reis, e o JGD de Júlio Guilherme Dias.
Nas notas vínicas, José Meneses de Almeida considerou-os “deliciosos” e também que “estão ligados à história da região, não se pode vender um vinho sem uma história e um património, e o das Terras do Sicó é património rural que faz jus à congregação de esforços e parcerias, no âmbito regional, cultural e gastronómico”.
Quanto aos vinhos tintos, este enólogo que ajudou a criar e recriar com Gonçalo Costa, a sub-região Terras do Sicó, falou das castas mais usadas, Baga, Touriga nacional, Alfrocheiro e Trincadeira, caraterizando-os como “elegantes, de cor escura, com aromas de frutos vermelhos, mais quentes, consistência na boca e final prolongado”.
Os tintos que acompanharam o prato de carne foram vários: o “Terra Solidária”, da Fundação ADFP, o “Casa D’Alfafar”, de Rui Simões, o “Vinhos Alegres”, de Manuel e Andreia Alegre, o “Monte Formigão” de Alexandre Carril, e os repetentes “Tapada de Sabogos”, “Encosta da Criveira”, e “Vinhos JGD”.
Jaime Ramos, presidente do Conselho de Administração da Fundação ADFP, agradeceu a presença de todos, “aqui no Restaurante Museu da Chanfana”, para fazer uma breve apresentação da Fundação ADFP, de Miranda do Corvo, como IPSS que se dedica “aos problemas sociais, sem fins lucrativos, que acolhe pessoas com necessidades especiais, com deficiência, problemas de saúde mental, que também acolhe refugiados (sírios e sudaneses), sem fins lucrativos, em que residem connosco 470 pessoas, e tendo 600 colaboradores”.
Jaime Ramos falou também dos investimentos na agricultura, nomeadamente na vinha, com vinhos da Terras de Sicó, que contribuem para o desenvolvimento da região, atividades não dependentes do Estado, criação de emprego e integração de pessoas com necessidades especiais “.
“Não podemos encarar os outros produtores como concorrentes, mas sim parceiros. Se a Fundação vier a ter algum sucesso na produção vinícola, ajudará a promoção dos vinhos Terras do Sicó e da VINISICÓ. O sucesso de um agricultor beneficia todos os produtores.”
“Sendo consultor da grande maioria dos produtores de vinho certificado Terras do Sicó e atualmente enólogo residente da Fundação ADFP, sinto um privilégio imenso fazer parte da minha e vossa terra, do vosso e do meu vinho”, diria Gonçalo Costa, da comissão organizadora do jantar.
Após fazer a história da fundação da VINISICÓ e da criação da sub-região Terras do Sicó, Gonçalo Costa disse que “o caminho não acaba aqui, com tantos trilhos para percorrer” e aproveitou a presença da maioria dos presidentes de Câmara desta região para deixar um repto:
“É essencial olhar o vinho, não apenas como um produto, mas sim como uma fonte de promoção de uma região e de um território. Ao promovermos a nossa sub-região vínica estamos a promover os vossos concelhos, as vossas gentes, os vossos lugares”.
Gonçalo Costa deixou ainda um exemplo:
“Nas estradas nacionais, ic3, ic8, A13 e A1, quem passa vê vinhedos, mas não uma única indicação que aqui neste nascem e podem comprar e provar os nossos vinhos. Nunca esqueçamos uma premissa básica do marketing, ninguém compra o que não conhece”, concluiu.
Nuno Moita Presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova e das Terras do Sicó começou por realçar o papel dos fundadores da VINISICÓ, nomeadamente Fernando Antunes, e afirmar, “como os outros, o orgulho nesta região por ter uma qualidade imensa, que as Terras do Sicó souberam promover e continuar a tê-la”
“Trabalho no terreno em proximidade com todos os produtores, numa região que quer afirmar o nosso produto”, concluiu.
Depois foi a vez de Fernando Antunes, um dos fundadores da VINISICÓ, agradecer a todos os presentes, produtores em primeiro lugar e recordar que então “liderou uma grande equipa de autarcas, que naquele tempo faziam o que podiam, avançámos e criámos a VINISICÓ, sendo eu primeiro subscritor”.
Depois, recordou “o caminho feito ao promover as nossas vinhas, o enriquecimento técnico, e tudo isso se fez no tempo na terra, na vinha, e principalmente na adega, em que o nosso grande problema era da colheita para a frente”.
Após referir que os vinhos Terras do Sicó “ombreiam em muito com o que há de melhor em outras regiões do país”, Fernando Antunes falou da produção de onze vitivinicultores da sub-região, que produzem 150 mil litros, com 850 mil tipos (litros?) de vinha, desde pequenos a grandes vinicultores, vinho de grande qualidade, mas sem o selo da certificação, continuando a caminhada da certificação, é o pequeno e o grande que fazem a história, daí a dignidade e o valor do produto: terra, trabalho, homem e vinha, é hora de alegria”, concluiu, não sem antes fazer o elogio de Jaime Ramos, pelo seu investimento na vinha, recordando as que foram adquiridas em S. Sebastião (Penela) e as adquiridas no Fundão.
Presentes a este jantar de 25º aniversário, para além dos já citados, Rui Ramos, diretor Executivo da Fundação ADFP, vários foram os vice-presidentes de Câmara, como Rui Pereira, da Câmara de Penela, Pedro Murtinho, vice em Pombal, Américo Nogueira, vice em Soure, José António Mendes, vereador em Soure, Francisco Agostinho Gomes, vice em Alvaiázere, para além dos presidentes António Vicente Domingues, de Ansião, Nuno Moita, de Condeixa-A-Nova (sendo também presidente das Terras de Sicó).